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O processo singular da fotografia

Pessoalmente vejo a fotografia como um acto criativo que não pode ser travado. Não é algo que tenha um botão ON/OFF que podemos pressionar a qualquer momento, interrompendo assim o estado de criação. A criatividade faz parte da nossa vida e não se pode traduzir simplesmente em horários, mas sim numa vivência constante.
Creio que a nossa personalidade reflecte-se em tudo o que fazemos, como tal isso não é excepção na fotografia. A mim agrada-me profundamente a fotografia de provocação, que recusa a solenidade e é irónica. Admiro os fotógrafos que, apesar da pressão dos tempos, teimam na singularidade da sua obsessão.

Para uma educação do olhar

Enquanto formador, agrada-me o desafio de ensinar estética no âmbito da fotografia e de questionar objectivos e processos criativos do Fotógrafo conjuntamente com os meus alunos.
Sempre mantive a opinião que a educação do olhar é mais relevante que a mera proficiência técnica. A meu ver, uma fotografia que é tecnicamente perfeita, mas incapaz de comunicar para além da superfície pode ser considerada um bom exercício de formação, porém não pode ser o único objectivo de um fotógrafo. Com isto não quero afirmar que o conhecimento técnico não seja importante, antes pelo contrário. Apenas pretendo argumentar que a técnica deveria estar ao serviço das ideias e não o inverso.
Há até um paradoxo na nossa sociedade actual, que se explica pela omnipresença das imagens e simultaneamente pelo seu intrínseco carácter despejado ou vazio quer no que toca à discussão sobre as condições que levam à sua criação, quer na falta de reflexão sobre os processos criativos que os fotógrafos autores utilizam no seu trabalho.
Em todas as formações que dou não pretendo encontrar ou sequer impor respostas que sejam ou aparentem ser definitivas. Apenas pretendo levantar questões ou tópicos de discussão, porque acredito veemente que o que é fundamental é que cada um de nós se questione acerca da sua própria prática fotográfica.